Capítulo 16
Avaliei
aquelas palavras. Contive minha fúria, a cólera que a menção a Adramelech
naqueles termos me despertava. Esforcei-me e observei a situação pelo ponto de
vista de Efrat. Se ele estivesse certo, eu precisava agir contra os meus
instintos. Só assim conseguiria colocar-me um passo adiante do demônio e teria
alguma chance de acabar com ele.
—
Ele está numa daquelas tendas. E, se o seu raciocínio estiver correto, ele sabe
que eu achei o esconderijo e está esperando uma investida. Nesse caso, o que
você acha que eu deveria fazer? Uma espera? Uma carnificina? Certamente ele não
espera que eu saia por aí matando centenas de humanos...
—
Talvez isso seja exatamente o que ele espera.
—
Eu não faria uma coisa dessas. Não aqui. Não com o risco que isso acarretaria —
menti.
—
Tem certeza? Eu acho que para pegar Adramelech você faria qualquer coisa —
Efrat tinha razão. Ele também sabia como eu pensava, conhecia a intensidade do
meu ódio e o poder que esse sentimento me conferia. A força que me dava.
Uma
luz surgiu nos meus pensamentos. Eu iria embora daquele lugar, deixaria
Jerusalém e partiria para o Egito, contrariando as expectativas. Adramelech que
ficasse e se banqueteasse com o sangue dos bruxos. Eu o esperaria assim que o
circo acabasse. Ele não poderia permanecer no encalço do Messias para sempre.
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