A Besta - Conto de Terror - 2º capítulo

27 outubro 2017

A Besta - Conto de Terror - 2º Capítulo

2

Uma hora da manhã, a garçonete Roseli acabou de sair do seu trabalho na Lanchonete D’ Burguer, uma das mais frequentadas pelos insones e notívagos da cidade. Seu namorado não pode sair para busca-la pois estava com a mãe no pronto socorro e não podia deixa-la naquele momento. Agora ela estava tentando pegar um táxi ou uber, sem sucesso, porque seu celular estava sem bateria. “Cacete! Esse negócio de ficar no WhatsApp o tempo todo acaba a bateria”. Pensou ela. Sempre lembrava de levar o cabo para deixar o aparelho celular carregando, no entanto, nesse dia havia esquecido, porque estava atrasada para o trabalho.
Não gostava de sair sozinha à noite, mas, infelizmente, era o que teria que fazer. Para sua sorte, o seu apartamento não ficava muito distante. Apenas algumas quadras do trabalho. Ainda assim, devido à violência crescente na cidade, estava muito temerosa.
E para completar, estava um silêncio de dar medo. Cada passo que dava, o barulho de seu sapato ecoava longe. Estava frio e usava um casado, e mesmo assim ainda se abraçava. Provavelmente era mais medo do que frio o que sentia naquele instante. Depois de andar uns quatrocentos metros, praticamente um terço do caminho até sua residência, Roseli ouviu um barulho atrás dela. Rapidamente olhou para trás e não viu nada. Apenas umas latas de lixo se mexendo. “Provavelmente um cachorro ou gato buscando comida. Ou até mesmo um mendigo com fome”. Imaginou.
Com o temor mais aflorado, Roseli apertou o passo. Queria chegar o mais rápido possível na sua casa e tomar um banho, depois dormir na sua cama quente. Ansiava por isso desde duas horas atrás. Fora uma noite complicada na hamburgueria, clientes chatos e o chefe mais rabugento do que nunca. Conseguiu sobreviver ao trabalho, e agora queria sobreviver até chegar em casa.
Roseli tinha 21 anos e o que ela queria mesmo era estar estudando em uma faculdade. Sonhava em ser enfermeira, desde pequena. Tinha paciência e cuidado com as outras pessoas. Entretanto, a vida, até aquele momento, não lhe fora muito generosa. Só havia trabalho e mais trabalho. Seu pai faleceu quando ela estava terminando o ensino médio e teve que cuidar de sua mãe, que não trabalhava. Agora precisava juntar cada centavo que ganhava para poder arcar com uma boa faculdade, se não conseguisse passar na universidade federal. Por conta do trabalho não podia se dar ao luxo de ser vaidosa, mas tentava ficar sempre bonita, principalmente quando saía com seu namorado Adriano. Seu cabelo castanho liso era cortado curto justamente para não dar muito trabalho. E já estava juntando algumas gordurinhas localizadas na região da cintura. Tinha um espelho grande no armário de seu quarto e ficava o tempo todo se olhando e vendo o que podia ser feito para melhorar.
Ela estava com esse pensamento quando ouviu um outro barulho, desta vez vinha da sua frente. Parou e esperou um pouco. Se fosse um bandido ela só tinha o celular, nada de dinheiro. Tinha muito medo de estuprador, mas andava com um canivete no bolso de sua calça. Só esperava ter tempo de tirar se fosse o caso, e para isso colocou a mão direita no bolso, segundo o canivete.
Naquele momento passou um carro a toda a velocidade, sendo seguido por um carro de polícia.
— Mais uma noite tranquila na city. — Ironizou. E seguiu o seu caminho, já que o barulho não tinha dado em nada.
Continuou com seu passo rápido, agora mais do que nunca. E quando já estava chegando no prédio onde morava viu que havia uma pessoa bem na entrada. “Droga. Quem será”? Pensou, e foi diminuindo a sua caminhada. Até que chegou mais próximo e reconheceu a pessoa que estava ali, parada.
— Ufa! Você me deu um susto danado. Pensei que fosse algum bandido e que fosse me atacar. Mas, o que está fazendo aqui, a essa hora?
— Te explico lá dentro.
E assim entraram e foram para o apartamento de Roseli, que abriu a porta, deixou a pessoa entrar e em seguida passou a chave e trancou.
— Realmente, não esperava uma visita sua aqui. Está precisando de alguma coisa, algum remédio? — Devido ao sonho da moça de ser enfermeira, ela já tinha feito um curso técnico de enfermagem e sempre tinha alguns remédios e bandagens em seu apartamento. Para o caso de alguma emergência.
— Faz o seguinte, fica à vontade, eu vou tomar um banho e trocar de roupa. Já volto. Acho que tem café na cozinha, se quiser.
— Estou com fome.
— Na geladeira deve ter alguma coisa para comer. Não demoro.
E Assim Roseli foi para o seu quarto, se despiu, sempre dando mais uma olhada no espelho de corpo inteiro que tinha no armário, dando um riso torto que significava que precisava melhorar o esqueleto e em seguida foi para o banheiro. O banho não demorou muito, tendo se vestido com uma roupa leve de algodão, sem calcinha e sutiã e foi até a sala.
Quando chegou ao cômodo percebeu que a pessoa não estava ali. A princípio pensou que estivesse na cozinha, se servindo de alguma coisa, mas quando olhou para o chão viu que havia roupas rasgadas espalhadas por todos os cantos. As roupas que a pessoa estava usando. Estranhou o fato e chamou pelo nome, sem resposta.
Quando se virou, o que viu a deixou sem voz. Não era a pessoa conhecida, mas uma ... COISA... tinha o corpo de pessoa, mas a pele era meio arroxeada, e parecia escamosa, os braços, fortes em músculos, as mãos... as mãos tinha garras. Não eram unhas, eram garras, enormes! Mas o que fez ela ficar congelada, sem ação, foram os olhos, vermelhos como sangue e a boca aberta em um sorriso cruel, cheio de dentes muito afiados e branquíssimos, como em contraste com a pele e os olhos. Não deu tempo de correr nem fazer nada. A criatura partiu para cima de Roseli e seu primeiro ataque foi justamente na garganta da moça, que espirrou sangue em toda a sala. Os olhos de Roseli estavam tão arregalados que parecia que iam saltar das órbitas. Ela colocou a mão direita na garganta para tentar conter o fluxo de sangue que saía, e quando tentou gritar, o que saiu foi apenas um leve chiado. Ainda assim foi em direção à porta, que ainda estava com a chave. O seu instinto de sobrevivência estava agindo. Queria a qualquer custo fugir daquele pesadelo que estava lhe atacando.

A criatura não deixou Roseli fugir. Com velocidade sobre-humana, atacou as costas da moça, fazendo um rasgo bem grande, do pescoço até as nádegas e mais sangue espirrou na sala. Com o primeiro ferimento ainda sangrando, a vítima foi perdendo a consciência pouco a pouco e ao ficar de costas para a porta, encostou nela e foi escorregando até ao chão. A última coisa que viu foram os dentes brancos e afiados.

continua...

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