A Besta - Conto de Terror - 3º Capítulo

28 outubro 2017

A Besta - Conto de Terror - 3º Capítulo


3


Emília foi acordada sete horas da manhã pelo despertador do celular. Estava muito cansado do dia anterior ainda, mas precisava trabalhar. Ela e César tinham um caso muito esquisito e iam ouvir algumas testemunhas para tentar conseguir ter um retrato mais fiel do caso. Apesar que desconfiava que não ia dar em nada. Provavelmente só ouviram gritos. No entanto, vai que alguém viu o assassino ou assassina sair ou entrar no recinto, pensou Emília.

César mandou mensagem dizendo que ia atrasar um pouco, mas chegaria a tempo de acompanhar as declarações das testemunhas. Disse que não tinha dormido bem e estava com o corpo como se tivesse sido atropelado por um caminhão.

“Parece que a noite não foi muito boa para nós dois”, pensou Emília. Apesar de ter acordado mais ou menos cedo, a noite foi de sonhos muito perturbadores e a única coisa que consegue lembrar é que no sonho tinha muito sangue. Tanto que quase podia sentir o cheiro. Fez uma careta de nojo e foi para o banheiro tomar um banho. 20 minutos depois estava pronta, faltando apenas colocar o coldre e a sua pistola .40. Tomou um café rápido e pegou o carro para ir até à Delegacia.

Chegando lá teve uma surpresa. As testemunhas ainda não tinham comparecido o que seria bom para o César, que ainda não tinha chegado, no entanto, ficou sabendo que mais um crime havia acontecido e que tinha sido tão bárbaro quanto o primeiro. Imediatamente ela pegou o endereço e quando ia saindo, mandou mensagem para seu parceiro, indicando o que tinha acontecido e onde estaria. Esperaria por ele no local do novo crime.

Não teve muito trabalho para encontrar o prédio de apartamentos em uma zona não muito segura da cidade. O prédio em si já teve melhores dias, ela pensou, olhando para o edifício antes de entrar. Era realmente antigo, pois não tinha elevadores, apesar de ter cinco andares. Para seu desgosto, o apartamento ficava no último andar. “Sempre tem que ser no último”, praguejou para si mesma.

Na entrada do apartamento, o costumeiro enxame de curiosos. Emília tinha certeza que havia uma corrente de informação para esse tipo de situação que sempre funcionava que era uma maravilha. Colocou o distintivo no cinto e foi abrindo caminho até o apartamento. Um policial da sua delegacia já estava ali e não deixava ninguém entrar e tentava, sem sucesso, fazer o povo deixar o local.

Foi quando um assobio bem forte foi ouvido e todos se voltaram em direção daquele som. Era Emília.

— Muito bem, povo, se não tiver nenhuma testemunha ocular do crime aqui, podem ir andando. Sem curiosos. Só admito família da vítima. Andem! Andem!

E assim aquelas pessoas foram saindo, devagar, ainda tentando ficar, mas Emília mantinha um olhar bem duro na direção deles, o que terminou por convencer os curiosos a saírem dali.

Dez minutos depois, César chegou ao prédio e quando entrou foi com Emília, saber o que tinha acontecido.

— Bom, parece que temos um maníaco na cidade. E bem feroz. Pelo que o médico legista que saiu agorinha daqui disse os ferimentos são condizentes com marcas de garras. Ou seja, o que causou a morte, fora um ataque com garras, principalmente o que atingiu o pescoço da vítima. Jorrou sangue até morrer. Igual à outra vítima, esta também foi estripada e os seus órgãos internos sumiram. O médico não conseguiu saber se ela foi estripada ainda viva. Provavelmente não, mas só um exame mais criterioso no IML é que vai determinar a verdadeira causa da morte.

— Uau! Temos um lobisomem atacando pessoas nesta cidade. — Riu César.

— Deixa de brincadeira. Isso é sério. Alguém com uma unha bem afiada anda fazendo estrago. Já temos duas vítimas com o mesmo modus operandi.

— E o rasgo na barriga, foi feito por alguma faca, ou outro objeto afiado? — Perguntou o jovem investigador.

— Hum. Aparentemente, não. Fiz a mesma pergunta ao legista e ele respondeu que ela foi aberta por algo afiado sim, mas não era nenhuma lâmina. Muito mais provável que tenha sido garras.

— Viu? Estou te dizendo, temos uma fera atacando pessoas. Já imaginou, uma pessoa se transforma em fera e mata cidadãos na cidade?

— Vá se ferrar, César, se a gente divulga uma coisa dessas é capaz de se instalar um pânico na cidade.

— Duvido, ninguém acreditaria e acharia que notícia de jornal sensacionalista. O que vamos fazer?

— Voltar para a delegacia e esperar que as perícias em ambos os casos nos digam alguma coisa de concreto. E só. Muito provavelmente não teremos testemunhas do ocorrido. A vítima era uma garçonete e tinha saído do trabalho bem tarde. Segundo o namorado dela, que é aquele rapaz inconsolável encostado na parede lá nos fundos, ele sempre pegava a vítima depois do trabalho, mas justamente ontem ele estava com sua mãe doente e não pode sair.

— Que tragédia.

Depois que saíram do apartamento, voltaram para a delegacia, onde acompanharam as declarações de todas as testemunhas, dos dois casos e o delegado titular foi bem enfático com a dupla, nada seria passado à imprensa antes de terem qualquer dado mais concreto sobre o que tinha acontecido. Tanto Emília quanto César prometeram que ficariam mudos sobre a questão. Também foram cobrados pelo Delegado Arruda que tinham que tratar do assunto o mais rápido possível, que logo estariam fungando no cangote dele querendo uma solução. Principalmente porque até agora a imprensa não tinha começado com as suas especulações.


Era o que podiam fazer, disseram em uníssono ao delegado.


continua...

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