A Besta - Conto de Terror - Capítulo Final

31 outubro 2017


A Besta - Conto de Terror - Capítulo Final



Emília estava sendo cobrada pelo seu superior, mas até aquele momento não tinha praticamente nada em mãos. A não ser que mais um crime bárbaro tinha acontecido. Desta vez um corretor de imóveis tinha literalmente perdido a cabeça, além de ter sido estripado, exatamente como as outras vítimas.

Já tinha entendido que os crimes não eram comuns e que o que estavam caçando era muito mais que um serial killer... era um monstro. Talvez uma pessoa muito perturbada, faria esse tipo de coisa, mas ainda assim Emília tinha suas dúvidas. E o pior é que não tinha pista nenhuma se era um homem ou mulher. Quem estava matando tinha todo o cuidado de não deixar testemunhas. As vítimas, coincidentemente estavam sempre sozinhas.

César tinha uma opinião bem restrita sobre o assunto. Para ele era um canibal. Para estripar e os órgãos internos das vítimas não serem encontrados só podia significar uma coisa: eram iguarias do assassino ou assassina. O pior que Emília não tinha muito como argumentar contra. Realmente nunca encontraram os órgãos, apesar de todo o pente fino que fizeram os peritos. Em todo o tempo que trabalhou na Polícia, principalmente na Divisão de Homicídios, essa era a primeira vez que enfrentava algo dessa natureza. E isso estava lhe tirando o sono.

A única boa notícia que recebeu durante o dia foi uma mensagem de César, pelo WhatsApp, dizendo que havia conseguido uma imagem pelas câmeras de vigilância de prédios vizinhos ao condomínio onde foi morto o corretor de imóveis. A imagem era nítida e dava para ver a vítima e a pessoa entrando e depois somente o provável assassino saindo... sozinho.

O restante do dia foi lento e cansativo. Emília ficou entrevistando algumas testemunhas, nenhuma ocular, que apenas ouviram gritos. Já estava com dor de cabeça e ansiava por uma bebida. Uma cerveja gelada a deixaria bem mais tranquila. E também estava com muita vontade de transar. Havia tempos que necessitava.

Quando encerrou o expediente, não esperou muito para ir até um bar frequentado por vários policiais e pedir uma cerveja.

Quando estava sentando, recebeu uma ligação de César, perguntando onde estava.

— Estou no Bar do Tenório. Tomando uma gelada, acho que eu mereço... aliás, a gente merece. Por que não dá uma passada aqui? Tá bom. Eu te espero. Não demore, preciso de companhia hoje.

Assim que encerrou a ligação, ficou pensando sobre o que disse no final: “preciso de companhia hoje”. César era um homem bonito. Tinha um corpo bonito e o mais importante, era solteiro. Será que dar em cima de um colega de trabalho ia ser legal? Emília pensou que não. Já andavam muito juntos, todos os dias. Sendo ambos solteiros, talvez rolasse alguma energia, uma química.

A policial já estava na segunda rodada quando o seu parceiro chegou. Imediatamente ele pediu também uma cerveja e foi conversar com Emília.

— O pessoal está tentando melhorar as imagens, que são boas, mas ainda assim para poder conseguir a placa do carro estão tentando usar os melhores programas de melhoramento de imagens. É a única pista que temos e se conseguirmos será a melhor.

 — Disse, pegando a long neck e oferecendo a Emília para um brinde, o que foi seguido por ela.

— Graças a Deus. A gente precisava de uma coisa assim para melhorar os ânimos. Essa investigação está me tirando do sério. Me dando muita dor de cabeça. De verdade!

— Calma parceira. A gente vai conseguir resolver essa parada. Mas hoje, apenas relaxe. — Disse, rindo e tomando um gole na boca da garrafa.

Emília tentou fazer o que César havia dito. Estava tentando relaxar. Mas precisava de mais.

Pelas trocas de olhares que tiveram durante todo o tempo que estiveram no bar, já deu para os dois sentirem que dali sairiam para o apartamento dele ou dela. Ambos estavam com os hormônios à flor da pele e a cerveja deu uma ajudinha liberando um pouco mais.

Quando terminaram de beber, César entrou no carro de Emília e foram para o apartamento dela. Mal conseguiram entrar no apartamento, de tanto tesão que estavam sentindo. Pararam um pouco na porta, se beijando e se pegando, já praticamente tirando a roupa ali mesmo. Com a mão tremendo de ansiedade, Emília achou as chaves e conseguiu abrir a porta. Entraram e foram tirando a roupa até o quarto dela.

“Muito gata”! pensou César quando viu o corpo enxuto de sua parceira. Imediatamente pegou os seios dela e começou a chupar enquanto ela terminava de tirar a sua própria roupa.

Nesse exato momento, o telefone de César recebeu uma mensagem.

— Deve ser a resposta se conseguiram identificar a placa. — Disse.

— Depois...— Acrescentou ela, com a voz roupa de excitação.

Quando ela a penetrou, Emília sentiu toda aquela fadiga e irritação com o caso ir embora e só sentiu prazer, que não sentia há muito. Se deixou levar pelo jovem parceiro, que sabia muito bem o que estava fazendo, o que foi uma grata surpresa para ela. Desta forma, ela se entregou como nunca. Aproveitando cada instante, foi levada ao clímax várias vezes. E, quando não aguentava mais, saiu de cima dele e se deitou do lado, completamente exausta.

— Já? — Perguntou César, dando um sorriso de lado, meio cínico.

— Só uma parada estratégica. Não sou mais uma mocinha, se percebeu. — Sorriu para ele. — Vou tomar um banho e já volto, para a gente continuar.

— Vai lá. Enquanto isso eu vou verificar a mensagem.

— Ok.

Ela saiu da cama, dando um longo beijo na boca de César que reacendeu o fogo. Mesmo assim foi até ao banheiro e tomou uma ducha. Enquanto estava se enxugando, tentou prestar atenção no quarto, mas estava muito silencioso. Colocou uma calcinha que tinha pego na cômoda e foi até o quarto.

César estava sentado, de costas para ela, aparentemente olhando para o celular.

“Está vendo a mensagem. Tomara que seja uma boa notícia”! Pensou.

— E aí. Temos uma pista quente? — Perguntou, se deitando na cama e indo até ele, abraçando-o por trás e ando um beijo na nuca dele.

César continuou em silêncio por mais alguns segundos até que se virou. Seu olhar estava estranho. Um misto de surpresa, descrença e até mesmo um pouco sombrio. Parecia até mesmo que uma sombra havia baixado em seu rosto.

— Temos. Só não sei se vai gostar...

Emília estranhou o comentário e só percebeu quando ele lhe passou o aparelho celular com uma foto estampada na tela. Era a foto de um veículo, um SUV, de cor azul, com uma placa bem nítida, aumentada. Seus olhos se arregalaram... era o carro dela!

Abaixo da foto vinham as informações do proprietário. Nenhuma dúvida de que o carro era dela.

— Eu não entendo. Não pode ser. Com certeza há algum engano. — Tentou-se explicar.

— Infelizmente não há engano. É o seu carro. Você emprestou o carro para alguém? — Perguntou César, na esperança de que ela dissesse sim.

Emília pensou bastante, mas não conseguia se lembrar se tinha emprestado. Sua resposta foi negativa.

— Como o carro tem insulfilme não dá para saber quem estava no interior do mesmo, mas imagino que ao entrar a vítima estava dentro. Já na volta...

A policial ficou aflita. Aquilo não podia estar acontecendo. Como seu carro tinha ido parar lá. Não tinha emprestado. Não se lembrava. De repente, como se tivesse caído um raio em sua cabeça, veio a percepção de que desde que retornara de sua viagem pelo Oriente Médio havia alguns apagões em sua memória. Será que tinha alguma coisa a ver com os crimes? Teimava em acreditar, e começou a chorar.

— Calma, deve haver alguma explicação. Não te vejo como uma canibal. Até porque suas unhas são curtas, não conseguiriam abrir as vítimas daquele jeito. — Tentou consolar sua parceira.

Até que ela se levantou e ficou de costas para ele, com as mãos no rosto. Em seguida abaixou as mãos e César percebeu que ela tremia um pouco. Ao virar-se, César ficou chocado com o que viu. Os olhos de Emília estavam vermelhos e sua boca estava com os dentes muito afiados. Enquanto ela se transformava na sua frente, ela disse:

— Estou com fome, muita fome!


FIM




Este foi o conto de terror especialmente escrito para o Dia das Bruxas de 2017. Espero que tenham gostado. Caso alguém esteja interessado, este autor tem outras obras no Wattpad: wattpad.com/user/AntonioHenriqueFerna.



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