A Besta - Conto de Terror - Capítulo Final
Emília estava sendo cobrada pelo seu superior, mas até aquele
momento não tinha praticamente nada em mãos. A não ser que mais um crime
bárbaro tinha acontecido. Desta vez um corretor de imóveis tinha literalmente
perdido a cabeça, além de ter sido estripado, exatamente como as outras
vítimas.
Já tinha entendido que os crimes não eram comuns e que o que
estavam caçando era muito mais que um serial killer... era um monstro. Talvez uma
pessoa muito perturbada, faria esse tipo de coisa, mas ainda assim Emília tinha
suas dúvidas. E o pior é que não tinha pista nenhuma se era um homem ou mulher.
Quem estava matando tinha todo o cuidado de não deixar testemunhas. As vítimas,
coincidentemente estavam sempre sozinhas.
César tinha uma opinião bem restrita sobre o assunto. Para ele
era um canibal. Para estripar e os órgãos internos das vítimas não serem
encontrados só podia significar uma coisa: eram iguarias do assassino ou
assassina. O pior que Emília não tinha muito como argumentar contra. Realmente nunca
encontraram os órgãos, apesar de todo o pente fino que fizeram os peritos. Em todo
o tempo que trabalhou na Polícia, principalmente na Divisão de Homicídios, essa
era a primeira vez que enfrentava algo dessa natureza. E isso estava lhe
tirando o sono.
A única boa notícia que recebeu durante o dia foi uma
mensagem de César, pelo WhatsApp, dizendo que havia conseguido uma imagem pelas
câmeras de vigilância de prédios vizinhos ao condomínio onde foi morto o
corretor de imóveis. A imagem era nítida e dava para ver a vítima e a pessoa
entrando e depois somente o provável assassino saindo... sozinho.
O restante do dia foi lento e cansativo. Emília ficou
entrevistando algumas testemunhas, nenhuma ocular, que apenas ouviram gritos. Já
estava com dor de cabeça e ansiava por uma bebida. Uma cerveja gelada a
deixaria bem mais tranquila. E também estava com muita vontade de transar. Havia
tempos que necessitava.
Quando encerrou o expediente, não esperou muito para ir até
um bar frequentado por vários policiais e pedir uma cerveja.
Quando estava sentando, recebeu uma ligação de César,
perguntando onde estava.
— Estou no Bar do Tenório. Tomando uma gelada, acho que eu
mereço... aliás, a gente merece. Por que não dá uma passada aqui? Tá bom. Eu te
espero. Não demore, preciso de companhia hoje.
Assim que encerrou a ligação, ficou pensando sobre o que
disse no final: “preciso de companhia
hoje”. César era um homem bonito. Tinha um corpo bonito e o mais importante,
era solteiro. Será que dar em cima de um colega de trabalho ia ser legal?
Emília pensou que não. Já andavam muito juntos, todos os dias. Sendo ambos
solteiros, talvez rolasse alguma energia, uma química.
A policial já estava na segunda rodada quando o seu parceiro
chegou. Imediatamente ele pediu também uma cerveja e foi conversar com Emília.
— O pessoal está tentando melhorar as imagens, que são boas,
mas ainda assim para poder conseguir a placa do carro estão tentando usar os
melhores programas de melhoramento de imagens. É a única pista que temos e se
conseguirmos será a melhor.
— Disse, pegando a long neck e oferecendo a Emília
para um brinde, o que foi seguido por ela.
— Graças a Deus. A gente precisava de uma coisa assim para
melhorar os ânimos. Essa investigação está me tirando do sério. Me dando muita
dor de cabeça. De verdade!
— Calma parceira. A gente vai conseguir resolver essa parada.
Mas hoje, apenas relaxe. — Disse, rindo e tomando um gole na boca da garrafa.
Emília tentou fazer o que César havia dito. Estava tentando
relaxar. Mas precisava de mais.
Pelas trocas de olhares que tiveram durante todo o tempo que
estiveram no bar, já deu para os dois sentirem que dali sairiam para o
apartamento dele ou dela. Ambos estavam com os hormônios à flor da pele e a
cerveja deu uma ajudinha liberando um pouco mais.
Quando terminaram de beber, César entrou no carro de Emília e
foram para o apartamento dela. Mal conseguiram entrar no apartamento, de tanto
tesão que estavam sentindo. Pararam um pouco na porta, se beijando e se
pegando, já praticamente tirando a roupa ali mesmo. Com a mão tremendo de
ansiedade, Emília achou as chaves e conseguiu abrir a porta. Entraram e foram
tirando a roupa até o quarto dela.
“Muito gata”! pensou César quando viu o corpo enxuto de sua
parceira. Imediatamente pegou os seios dela e começou a chupar enquanto ela
terminava de tirar a sua própria roupa.
Nesse exato momento, o telefone de César recebeu uma
mensagem.
— Deve ser a resposta se conseguiram identificar a placa. —
Disse.
— Depois...— Acrescentou ela, com a voz roupa de excitação.
Quando ela a penetrou, Emília sentiu toda aquela fadiga e
irritação com o caso ir embora e só sentiu prazer, que não sentia há muito. Se deixou
levar pelo jovem parceiro, que sabia muito bem o que estava fazendo, o que foi
uma grata surpresa para ela. Desta forma, ela se entregou como nunca. Aproveitando
cada instante, foi levada ao clímax várias vezes. E, quando não aguentava mais,
saiu de cima dele e se deitou do lado, completamente exausta.
— Já? — Perguntou César, dando um sorriso de lado, meio
cínico.
— Só uma parada estratégica. Não sou mais uma mocinha, se
percebeu. — Sorriu para ele. — Vou tomar um banho e já volto, para a gente
continuar.
— Vai lá. Enquanto isso eu vou verificar a mensagem.
— Ok.
Ela saiu da cama, dando um longo beijo na boca de César que
reacendeu o fogo. Mesmo assim foi até ao banheiro e tomou uma ducha. Enquanto estava
se enxugando, tentou prestar atenção no quarto, mas estava muito silencioso. Colocou
uma calcinha que tinha pego na cômoda e foi até o quarto.
César estava sentado, de costas para ela, aparentemente
olhando para o celular.
“Está vendo a mensagem. Tomara que seja uma boa notícia”!
Pensou.
— E aí. Temos uma pista quente? — Perguntou, se deitando na
cama e indo até ele, abraçando-o por trás e ando um beijo na nuca dele.
César continuou em silêncio por mais alguns segundos até que
se virou. Seu olhar estava estranho. Um misto de surpresa, descrença e até mesmo
um pouco sombrio. Parecia até mesmo que uma sombra havia baixado em seu rosto.
— Temos. Só não sei se vai gostar...
Emília estranhou o comentário e só percebeu quando ele lhe
passou o aparelho celular com uma foto estampada na tela. Era a foto de um
veículo, um SUV, de cor azul, com uma placa bem nítida, aumentada. Seus olhos
se arregalaram... era o carro dela!
Abaixo da foto vinham as informações do proprietário. Nenhuma
dúvida de que o carro era dela.
— Eu não entendo. Não pode ser. Com certeza há algum engano. —
Tentou-se explicar.
— Infelizmente não há engano. É o seu carro. Você emprestou o
carro para alguém? — Perguntou César, na esperança de que ela dissesse sim.
Emília pensou bastante, mas não conseguia se lembrar se tinha
emprestado. Sua resposta foi negativa.
— Como o carro tem insulfilme não dá para saber quem estava
no interior do mesmo, mas imagino que ao entrar a vítima estava dentro. Já na
volta...
A policial ficou aflita. Aquilo não podia estar acontecendo. Como
seu carro tinha ido parar lá. Não tinha emprestado. Não se lembrava. De repente,
como se tivesse caído um raio em sua cabeça, veio a percepção de que desde que
retornara de sua viagem pelo Oriente Médio havia alguns apagões em sua memória.
Será que tinha alguma coisa a ver com os crimes? Teimava em acreditar, e
começou a chorar.
— Calma, deve haver alguma explicação. Não te vejo como uma
canibal. Até porque suas unhas são curtas, não conseguiriam abrir as vítimas
daquele jeito. — Tentou consolar sua parceira.
Até que ela se levantou e ficou de costas para ele, com as
mãos no rosto. Em seguida abaixou as mãos e César percebeu que ela tremia um pouco. Ao virar-se, César
ficou chocado com o que viu. Os olhos de Emília estavam vermelhos e sua boca
estava com os dentes muito afiados. Enquanto ela se transformava na sua frente,
ela disse:
— Estou com fome, muita fome!
FIM
Este foi o conto de terror especialmente escrito para o Dia das Bruxas de 2017. Espero que tenham gostado. Caso alguém esteja interessado, este autor tem outras obras no Wattpad: wattpad.com/user/AntonioHenriqueFerna.
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