A Besta - Conto de Terror

26 outubro 2017




Olá gente, em razão da chegada do Dia das Bruxas, postarei em cinco capítulos (cinco dias seguidos) um conto de terror. Espero que gostem e se divirtam.





A Besta


A cena do crime era impressionante. Em seus vinte anos de polícia, Emília nunca tinha visto aquilo. Quando fora acionado meia hora antes não imaginava o que ia encontrar. E mesmo sua experiência não o tinha preparado para o que iria ver.
Antes de chegar ao local, passou na casa de César para pegar o seu parceiro. Normalmente faziam as primeiras investigações onde tinha acontecido o crime, vendo se tinha testemunhas e aguardando a perícia. Era tarde da noite. César estava se preparando para dormir. Se estava chateado não manifestou. Pelo contrário, estava muito alerta e com a adrenalina a mil, como sempre.
César era mais novo que Emília, mas isso não lhe tirava mérito algum. Era um excelente investigador e juntos já tinha solucionados alguns casos bem escabrosos.
No entanto, ao chegarem no apartamento, logo de cara viram que o caso seria complicado. A porta da sala estava aberta e antes de entrarem os peritos, que isolaram todo o perímetro, pediram para colocarem as luvas e plásticos especiais nos pés. Iriam precisar.
Da porta da sala entenderam rapidamente o motivo. Havia sangue. Mas muito sangue no cômodo, no chão, nas paredes e até no teto. Ao entrarem com todo o cuidado na sala, viram um jovem perito, recentemente contratado sair do quarto tampando a boca e correndo para o banheiro. Os ruídos que vieram de lá foram bem significativos. Emília lançou logo um olhar para seu parceiro e ambos concordaram que a vítima estava no quarto.
Não estavam enganados.
Porém, o que encontraram no quarto não era exatamente um corpo, mas partes dele. E o cheiro de sangue estava muito mais forte. Quase o bastante para fazer César se dirigir ao banheiro também, entretanto, talvez para parecer forte o suficiente, principalmente frente à sua colega de trabalho, só tapou a boca e fez cara feia.
O perito Jorge, um dos mais antigos estava lá.
— Muito bem, o que temos aqui? — Emília Foi logo perguntando.
— Bem, temos muito pouco, na realidade. O que quer, ou quem quer que tenha feito isso teve muito trabalho. A vítima, um homem de seus vinte e cinco a trinta anos foi completamente estripado, e ainda teve um braço e uma perna arrancados. O braço foi encontrado na sala, onde provavelmente o ataque teve início. A perna nós encontramos debaixo da cama. Se já prestaram atenção, aqui foi o local onde se deu a derradeira luta. Há muito mais sangue.
— Verdade, acho que queriam pintar as paredes com uma nova cor. — César comentou, em tom de gracejo, dando um sorrisinho, mas logo mudou de ideia quando viu o rosto sério de sua parceira e do perito. — Ok, Ok! Não está mais aqui quem falou. — Acrescentou, levantando as mãos em gesto de se rendendo.
— Muito bem, seu espertinho, vá lá fora e veja se consegue alguma testemunha, ocular ou que tenham escutado os gritos, porque com certeza alguém ouviu. Ninguém perde um braço ou perna e não grita. — Determinou Emília.
— Certo, não vá se perder com esse sangue todo viu? — Brincou e saiu do apartamento. César, na realidade, não ficou chateado com a ordem, afinal, dada as circunstâncias, seria melhor mesmo achar alguma testemunha do que ficar naquele quarto vermelho de sangue.
Emília perguntou a Jorge se ele ou outro perito tinham encontrado alguma identificação da vítima. A resposta foi positiva. Na sala, dentro de um blazer havia  uma carteira que cuidadosamente foi colocada dentro de um saco plástico e seria entregue na Delegacia, junto com o laudo, mas assim que chegasse ao instituto tiraria cópia e mandaria para ela na delegacia.
Precisariam de seus dados para refazer os seus últimos passos até o apartamento. Se estava acompanhado de alguém isso talvez ajudasse. Mas o que não saía da cabeça de Emília era a violência do crime. Quem poderia fazer uma coisa dessa. E precisaria de muita força, arrancar  um braço ou uma perna não era fácil, e segundo Jorge, os membros foram arrancados mesmo... não foram cortados com faca ou algum instrumento cortante. E para piorar, os órgãos internos do pobre homem também não foram encontrados no quarto, na sala ou em outra parte do apartamento. Quem o matou levou.
Saiu do apartamento pensando nisso e deu de cara com César conversando com uma morena bonita, que estava só de toalha, na porta do apartamento dela.
Chegou perto e fez um barulho de como estivesse tossindo.
— Ah... Oi... Emília, esta é a Graça, vizinha do pobre ali e estou intimando ela a comparecer amanha na delegacia para nos ajudar com qualquer coisa que se lembre. — Disse César, se aprumando muito rapidamente.
— Aham. Por acaso a senhorita ouviu ou viu alguma coisa? — Perguntou Emília, muito séria. Mas por dentro morrendo de vontade de rir por conta de seu parceiro namorador.
A moça se ajeitou um pouco e respondeu:
— Olha, eu só ouvi gritos. Foi logo quando eu cheguei da faculdade, lá pelas 22h30m e quando entrei no meu apartamento eu ouvi gritos vindo dali do meu vizinho. Os gritos eram bem altos como se estivessem arrancando algum braço dele. Fiquei perto da porta e os gritos continuaram. Quando tudo ficou em silêncio eu chamei a polícia. Eu ainda não fui lá ver.
— E nem deve. — Cortou Emília. — Agora é cena de crime e a Polícia já está tomando conta de tudo. A senhorita estava se preparando para tomar banho?
— Oi? Ah, sim, me desculpa. — Respondeu, olhando para a toalha. — É que acabei de sair do banho. Depois que chamei a polícia e as coisas acalmaram eu fui tomar banho. Trabalho e tenho que acordar cedo.
— Certo, mas precisamos que vá à delegacia amanhã e não se preocupe com o seu trabalho, daremos uma certidão de seu comparecimento.  — Disse César, entregando uma intimação para a moça.
Depois os policiais saíram do corredor e foram para a entrada do prédio. Para um local de crime até que não tinha muita gente ali, afinal, curiosos sempre apareciam. Agradeceu pelo fato do crime ter sido dentro do apartamento. Isso afastava-os.
— Bom, isso não me parece um homicídio comum. Vamos ter trabalho. Quem é que faz uma atrocidade dessas, Meu Deus!
— Garoto, é para isso que nos pagam. Vamos, não temos mais nada a fazer aqui. Te deixo em sua casa.
Quinze minutos depois César estava na porta de casa e Emília partia para seu apartamento. Fora um dia longo e o parecia que não ia acabar. Só torcia para não acontecer nenhum outro homicídio. Apesar de estar no seu turno de plantão queria poder descansar um pouco e dormir.
Emília chegou ao seu apartamento, tirou a roupa e foi logo para o banheiro. Parecia que estava impregnada com todo aquele sangue e queria se sentir limpa. Saiu do banheiro e foi para o quarto, onde tinha um enorme espelho.
Tirou a toalha e ficou se olhando. Para quem estava próximo dos quarenta e cinco anos a investigadora ainda estava em ótima forma. Não tinha muitas rugas no rosto e seu corpo ainda tinha vigor. Os seios empinados foram uma única concessão. Dez anos antes fizera uma cirurgia plástica e colocou próteses um pouco maiores. Sempre tinha se detestado quanto ao tamanho anterior. Não gostava. Eram muito pequenos, dizia ela à sua mãe, como se justificando. Mas o restante do corpo, principalmente a bunda, estava inteiro e era resultado de muita academia, quando tinha tempo para praticar. Ultimamente o único esporte que praticava era andar de bicicleta final de tarde pela pista.
Ainda assim, era solteira. Não tinha um namorado fixo há uns 10 meses pelo menos, desde a viagem que fizera ao Oriente Médio. A viagem era um sonho desde criança. Queria conhecer principalmente os lugares sagrados, tanto para os cristãos quanto para os muçulmanos.
Voltou um pouco diferente, mas sempre acreditou que foi por conta do que viu e aprendeu. Mesmo nos lugares pouco visitados, em nenhum momento se viu em perigo. O perigo, dizia ela, estava em todos os lugares, principalmente na cidade em que trabalhava. O país passava por momentos difíceis, com muita bandidagem e isso transparecia todos os dias quando chegava ao seu local de trabalho.

Tomou um copo de leite morno e foi se deitar. Minutos depois estava dormindo, devido aos comprimidos que toma. Não teve sonhos.

x-x


32 comentários:

  1. Que legal esse conto de terror, achei bem legal.
    Bjus
    Jaque
    www.quebreiaregra.com.br

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    1. Ola Jaque,
      fico feliz que tenha gostado, acompanhe os demais capítulos.
      Obrigado.

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  2. Olá!
    Gostei dessa primeira parte do conto.
    Achei bacana ele ser meio que protagonizado por uma policial mulher. Tem elementos de terror, mas também tem elementos policiais, que eu adoro, além, é claro, do humor esquisito diante de cenas tão chocantes, hahaha.
    Enfim, fiquei bem curiosa mesmo para saber o desfecho do caso. Acho que a morena tem algum envolvimento... hahaha.
    Um super beijo!
    Thami, Blog Historiar.

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    1. Oi Thami,
      Obrigado e fico feliz que tenha gostado. Acompanhe os demais capítulos que estão sendo postados. no dia 31 eu posto o último capítulo.
      bjs

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  3. Olá,tudo bom?
    Gostei muito da sua postagem, li atentamente e fiquei imaginando kkk adoro histórias de terror e na minha cabeça até parece um filme.
    Gostei muito ❤

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    1. Olá Jacke,
      tudo ótimo, fico feliz que tenha gostado. Os demais capítulos estão sendo postados e no dia 31 postarei o último.
      um abraço.

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  4. Nossa, que conto legal! Bem no clima de halloween!

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    1. Olá Mirela,
      Exatamente esta a intenção, de ser bem clima Dia das Bruxas. E fico teliz que tenha gostado. Acompanhe os demais capítulos que estão sendo postados e no dia 31 eu postarei o último capítulo.
      bjs

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  5. Amo conto de terror, achei que esse prende a gente demais, quando sai o próximo capitulo?
    Beijos

    http://www.estiilocarol.com/

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    1. Olá,
      Fico feliz que tenha gostado. os capítulos estão sendo postados diariamente até o dia 31.10.2017. Acompanhe :)
      bjs

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  6. OI!!
    Parabéns :D você escreve muito bem. Eu adoro contos de terror...
    bjo

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    1. Oi Joana,
      Obrigado. Espero que acompanhe os demais capítulos que estão sendo postados.
      bjs

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  7. Adorei o conto, bem impactante. Aguardando os próximos capítulos. Abraços e parabéns pelo texto!

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    1. Olá,
      Obrigado, lembrando que os demais capítulos estão sendo postados.
      um abraço,

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  8. oiiiie,Sinceramente seu conto ficou bem legal, e como disseram to aguardando o proximo capítulo em rsrsrs, Combina ainda mais chegada do halloween, Aguardando.

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    1. Oi Alzinete,
      Feliz que tenha gostado, e espero que acompanhe os demais capítulos que estão sendo postados.
      um abraço,

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    1. Oi Samara,
      Os demais capítulos estão sendo postados, pode acompanhar todos eles. dia 31 posto o capítulo final.
      um abraço,

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  10. Olá, gostei muito do jeito que você escreve, prende a atenção do leitor e como sou viajante leitora...Está de parabéns!

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    1. Olá Jackeline,
      Obrigado. Espero que acompanhe os outros capítulos que já foram postados. O último será postado amanha, dia 31.10.17.
      um abraço,

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  11. Olá, tudo bem?

    Adorei esse início do conto, gostei da escolha dos personagens e das diferenças entre eles, que me parecem, que os completam. O crime cometido foi uma atrocidade e apenas por esse primeiro capítulo apostaria na vizinha, não me passou confiança rs. Muito bem escrito, Parabéns!

    Beijos!

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    1. Olá Alice,
      Obrigado, espero que acompanhe os outros capítulos que já postei.:)
      bjs

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  12. Confesso que eu gostei mais da parte policial da história rs Mas bora esperar os próximos episódios para saber o que vai rolar ainda rs

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    1. Olá Erica,
      Gosta de história policial? eu tenho livro completo no wattpad que é uma história policial, caso esteja interessada. Quanto ao conto, por ser mais curto deverá focar mais no terror mesmo.
      bjs

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  13. que conto bacana muito bem escrito parabens e elaborado
    BLOG♥ Coisas da Vida

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    1. Oi Bruna,
      Obrigado, e espero que acompanhe os outros capítulos.:)
      bjs

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  14. Apesar de ser super cagona e medrosa eu li esse conto haha e achei super legal, confesso!

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    1. Oi Mami,
      Obrigado. Que venha a coragem para terminar os outros capítulos hehehe.
      um abraço,

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  15. Parabéns pelo conto! Ele realmente prende nossa atenção e veio a calhar com o dia das bruxas! Quero muito ler os demais contos dessa série de Halloween! Sucesso!

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    1. Oi Tha Oliveth,
      Obrigado, os outros capítulos já foram postados e hoje ainda posto o último capítulo deste conto.
      um abraço,

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  16. Adorei esse conto!
    Muito intrigante a história, amo tudo relacionado a terror.

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    1. Olá Dri,
      Obrigado e espero que acompanhe os outros capítulos que já foram postados.
      bjs

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