No Meu Mundo...

Pessoal, como vocês não deram suas sugestões, a partir de hoje postarei um conto curto, com poucos capítulos, intitulado "O Cavaleiro do Dragão"!

Espero que gostem! Boa leitura!

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Eram tempos difíceis. Não bastava a fome que castigava nossos corpos magros, ainda fomos castigados pelos demônios que queimavam as nossas casas, nossas plantações. Não falo dos rebeldes, dos bandidos e assassinos. Falo de coisa muito pior. Falo de dragões...

Me chamo Adeline. Nasci e cresci em um pequeno povoado, nas margens do rio Loire. Desde muito cedo, aprendi a correr solta pelas planícies, enevoadas no inverno que se convertiam em campos verdes e floridos no verão. Tive pais amorosos e compreensivos, que sempre zelaram por mim e por meu irmão caçula. Ainda me lembro daquela época em que os soldados do reino eram nossa única preocupação, os bons tempos, antes das bestas soltadoras de fogo.

Não foi por acaso que a maldição se instalou por aqui. Meu povoado teve a má sorte de receber a visita de um bruxo. Um homem mau e carrancudo, que dizia-se enviado por Deus e nos exigia até mesmo o que não tínhamos. Tinha uma aparência esguia, cabelos longos e negros, embora sua pele enrugada denunciasse a idade avançada. Trazia em uma das mãos uma espécie de cetro, com uma pequena esfera de cristal, que cintilava quando exposta a luz do sol, e que ele jurava ser mágica e capaz de atrair as mais temíveis desgraças.

No princípio, todo o povoado imaginou se tratar de um pobre coitado, ou um louco, pois suas exigências não iam além de um prato de comida e uma cama quente para pernoitar. Mas conforme o tempo ia passando, ele ficava mais e mais exigente. Queria parte da produção das lavouras, como se os cobradores de impostos já não levassem o suficiente. Queria riquezas e jóias que, logicamente, lhe foram negadas.

Tudo ia bem, até que o bruxo, no auge de sua loucura, sequestrara a filha do rei. Ninguém nunca descobriu como ele conseguiu enganar os soldados que guardavam o castelo. Há boatos de que ele teria o poder de se tornar invisível aos olhos humanos, ou que se transformara em fumaça para entrar no castelo. Seja como for, ele conseguiu raptá-la e fugir.

Raquel Pagno

www.raquelpagno.com