Boa leitura! Não esqueçam de comentar. ;)
CAPÍTULO 4
Victor chegara cedo.
Pouco passava das sete e meia da manhã de domingo. Passara toda a madrugada a
navegar pela Internet, procurando explicações sobre os últimos acontecimentos,
mas não conseguira pensar numa forma menos ridícula de contar a ela. Sabia o
quanto era cética, aliás, no fundo todos os cientistas eram, e não seria nada
fácil convencê-la de que as profecias eram reais e que apesar de os burburinhos
midiáticos já terem passado, elas estavam ocorrendo. Não fazia muito tempo
inclusive, que Victor abriu os olhos para enxergar a verdade.
Era como se tivesse
estado dormindo durante todo o tempo enquanto lia e relia e tornava a ler as
antigas escrituras e de repente, num sopro divino, acordara! Não se cansava de
agradecer pelo conhecimento que o seu Deus soprara em seus ouvidos. Agora tinha
uma chance e um motivo real para lutar pela conscientização da humanidade, e
contar toda a verdade, para que juntos pudessem mudar suas atitudes e
atravessar a passagem para a nova era.
Como teólogo, estudara
praticamente todas as religiões da face da terra e em todas elas encontrara as
mesmas referências sobre o fim dos tempos, o apocalipse e as mesmas promessas
de que uma nova era se iniciaria depois do cataclismo. Seria apenas mera
coincidência? Impossível. Depois de ajudar na tradução das escrituras maias foi
que pôde finalmente associá-las todas. E dessa vez, a diferenciação era a
menção a uma data específica e não muito distante. Soube assim, que o final dos
tempos já começara. Talvez a grande mudança à qual a profecia se referia já
tivesse começado muito antes. Era visível que o aquecimento global e o degelo
das calotas polares já vinham de muito antes de toda essa conversa sobre
profecia vir à tona..
Cientificamente
comprovado. Victor adorava esse termo: “cientificamente comprovado.”. Acontece
que se ele chamasse a imprensa, sem provas, correria o risco de ir parar na
cadeia, ou quem sabe em um sanatório. Ainda mais sendo um padre. As religiões rivais, hoje a maioria, seriam as
primeiras a apedrejá-lo. Isso ofenderia a Santa Igreja Católica e poderia até
resultar na sua excomunhão. Não, ele nascera para ser padre. Soubera disso
desde a infância e continuaria seguindo sua vocação.
Havia dez minutos que
batia à porta, mas Jéssica parecia dormir profundamente. Ele esperaria o dia
todo se fosse necessário, mas já não poderia adiar o assunto. Bateu novamente.
Bateu de novo. Finalmente ouviu passos vindo em direção à porta. O barulho
metálico do molho de chaves que se podia perceber sendo balançado no ar, não deixava
dúvidas quanto ao fato de Jéssica estar tendo dificuldades em destrancar a
fechadura. Deve ter tomado algum
medicamento para dormir, deduziu Victor. Mais alguns instantes e finalmente
a porta se abriu. Os olhos cansados de Ricardo, ainda de pijama e com o rosto
amarrotado, fizeram com que Victor se sentisse constrangido.
— Ricardo? O que faz
aqui uma hora dessas? — não pôde deixar de perguntar, mesmo sendo indelicado.
— Victor? O que você faz aqui uma hora dessas?
— Mas foi isso que eu
acabei de lhe perguntar! Você está bem? — Victor notou que havia algo errado
com o rapaz. Falava com dificuldade, enrolando a língua pesada. Logo, Jéssica
apareceu. Também vestia pijama com estampa de ursinhos, o que lhe dava um ar
infantil e aumentava em Victor a sensação de pai e protetor que já sentia por
ela.
— Olá, Victor!
Desculpe, mas acabamos de levantar. Bebemos um pouquinho além da conta ontem.
Oh, entre, por favor! — desculpou-se.
— Eu não devia ter
vindo tão cedo. Não fazia ideia de que estava acompanhada.
— Não, não é nada
disso! — explicou ela — Você sabe que eu não estava nada bem ontem, não é?
Então Ricardo achou melhor não me deixar sozinha e... Eu lhe disse que não se
preocupasse, mas...
— Tudo bem, você não me
deve satisfações — interrompeu Victor, ao ver o constrangimento de Jéssica. Ela
sabia que ele jamais se intrometeria em sua vida, especialmente em seus
assuntos particulares, mas de qualquer forma, não podia ignorar o fato de ele
ser um padre e merecer algum respeito. Ela sempre contava tudo pra ele mesmo e
sabia que seus segredos seriam mantidos, dentro ou fora de um confessionário.
Ele era a pessoa em quem ela mais confiava na vida, depois da morte de seu pai.
Compartilhava com Victor o que várias vezes chegava a esconder até mesmo da mãe
e do irmão.
— Bem, entre. Ricardo já estava de saída mesmo, não é? —
disse ela desviando o olhar para Ricardo.
— Eu? De saída? Mas
eu... — Ricardo balbuciou, ainda meio tonto.
— É, você não me disse
que tinha um compromisso urgente e inadiável hoje pela manhã? — insistiu ela.
— Compromisso? Oh, sim!
Como pude esquecer! Eu vou me vestir então e depois vou para meu compromisso inadiável! — disfarçou
Ricardo. Em menos de cinco minutos já estava de volta à sala de estar, onde
Jéssica servia uma xícara de café para Victor. Suas roupas estavam muito
amassadas e ele mal teve tempo de amarrar os sapatos. Jéssica agradeceu e se
despediu. Em breve estariam juntos novamente.
Raquel Pagno
www.raquelpagno.com
Opa! A coisa ta esquentando! rsrsrsrsrs
ResponderExcluirAnsiosa pelo próximo Capítulo!
Bjo bjo^^
Oi! Ana Paula!
ExcluirÉ, como desmembrei os capítulos do livro, para que ficassem mais curtos e menos cansativos, a coisa irá meio devagar mesmo. Mas continue acompanhando, tem muita surpresa vindo por aí. ;)
Obrigada pela visita! Beijão!