Boa leitura! Comentem...
CAPÍTULO 11
Nada do que lhe era dito fazia sentido.
O delegado fazia demasiadas perguntas a respeito do que ela conversara com
Victor no dia em que ele fora agredido. Ela não teve alternativa senão contar a
verdade. Ele chegara a mencionar a existência de uma profecia, mas nunca, em
momento algum mencionara nomes ou endereços e lugares específicos.
—
Eu já lhe disse tudo o que ele me contou naquela manhã. Eu não sei do que estão
falando.
—
Não se faça de inocente, senhorita Salles! Nós sabemos que ele lhe explicou
tudo e com muitos detalhes. Queremos datas e locais, queremos nomes e endereços.
Precisamos evitar que mais gente seja morta por este maníaco homicida que pode
estar lá fora se divertindo ou fazendo outra vítima nesse exato momento em que
estamos aqui perdendo tempo. Sabe como é que esses bandidos costumam agira?
Mantendo um padrão, deixando uma assinatura ou coisa do tipo. Qualquer detalhe
é importante. Agora vamos, me dê informações concretas.
—
Eu não tenho, delegado. Infelizmente eu não tenho. Mas acredite: eu não estou
mentindo. Já contei tudo o que sabia. Mesmo que seja tudo verdade, recuso-me a
aceitar que suspeitem de Victor. Eu garanto que ele não é nenhum maluco, muito
menos assassino! Eu o conheço suficientemente bem para saber que jamais, jamais
seria capaz de fazer mal a pessoa alguma. Mesmo porque seria contra seus
princípios religiosos.
—
Princípios religiosos? Nos dias de hoje ninguém mais segue princípios
religiosos. Acho que você deve ter visto os telejornais e acompanhado vários
casos de pedofilia praticados pelos sacerdotes católicos ou de outras igrejas.
Por favor, terá que encontrar outro argumento mais convincente se quiser ajudar
seu amigo!
—
O senhor mesmo disse que “nos dias de hoje” ninguém mais tem mais princípios
religiosos, mas acontece que Victor não é um padre dos dias de hoje. O senhor
por acaso sabe qual a idade dele?
—
A senhorita por acaso sabe o que aconteceu na Itália há bem pouco tempo, quando
todos os estudantes de uma antiga escola católica assinaram confissões de que
foram molestados por velhos padres? Vejo que está muito desatualizada em
relação aos últimos acontecimentos.
—
Mas não estamos julgando um acusado de pedofilia, delegado! Estamos falando de
uma vítima da violência e não de um pedófilo! Victor é mais uma vítima desta
cidade, e é só isso. Nós apenas ansiamos por justiça. Falo por mim e por
Victor.
—
É esse o nosso trabalho, senhorita, garantir que a justiça seja feita. Mesmo
que para isso tenhamos que deter o seu amigo e você.
— O quê? Deter-me? Mas
isso é um absurdo! Vocês estão ficando malucos? — indignou-se Jéssica. O
delegado não disse nada, apenas saiu da sala e deixou Jéssica a sós com o
policial que a acompanhara desde o hospital. O homem a observava o tempo todo,
como se estivesse esperando que a qualquer momento ela confirmasse tudo aquilo
que eles a induziram a confessar.
O delegado estava
demorando. Ela não sabia exatamente quanto tempo havia se passado, mas parecia
uma eternidade.
— Eu já posso ir? —
perguntou ao policial.
— Ainda não está
liberada. — respondeu ele rudemente.
— O que está
acontecendo? — arriscou-se a perguntar. O homem apenas olhou para ela e não
respondeu nada, mas sua expressão mudou. Jéssica sentiu um arrepio correndo
pelo seu corpo, enquanto via uma fagulha de medo no olhar do policial. Logo
aquele medo transformou-se em algo ameaçador e desconhecido, que tentava
ocultar uma verdade por trás daquele interrogatório. Finalmente o delegado
voltara para a sala. Iria liberá-la e poderia voltar para o hospital.
— E então, senhorita
Salles? Lembrou-se de mais alguma coisa que queira nos contar sobre seu
amiguinho padre?
— Não, delegado. Eu não
me esqueci de nada. Já disse tudo o que sabia.
— Está bem. Pode ir
agora, mas não poderá sair da cidade. Fique alerta e não marque muitos
compromissos. Poderemos chamá-la novamente a qualquer momento. — Ela
levantou-se e caminhou em direção à porta, escoltada pelo mini “Sherlock
Holmes”. Abriu a porta com a mão direita. Estava decidindo se deveria ou não
mencionar o fato de seu apartamento ter sido invadido na noite passada. Achou
melhor deixar pra lá. Se resolvesse registrar a ocorrência, seria em outra
delegacia.
Raquel Pagno
www.raquelpagno.com
Oi Raquel!
ResponderExcluirA coisa ta ficando quente neh? To meio que desconfiada desses policiais! Mas, vamos esperar mais um pouco neh? srsrsrsrsrrs
Bjo bjo^^