No Meu Mundo...

11 dezembro 2015



Capítulo 18


Descobri o local em que o Messias se reuniria com seus amigos. Esquivei-me, como uma sombra ao entardecer e o observei. Era incrível como a simples visão daquele homem me apaziguava. Teria apaziguado a minha alma e, embora eu julgasse já ter perdido a minha há muito tempo, ele me fazia sentir que ainda restara alguma coisa, alguma parcela de alma no meu corpo semimorto.
Permaneci a espreita, esperando ouvir um discurso inflamado, um pedido de ajuda, a incitação de uma guerra, talvez. Esperei que ele pedisse ajuda, que fizesse os apóstolos incitarem o povo em sua defesa, que dissesse que, se todos se unissem, evitariam a morte outrora profetizada.
Mas em vez disso, ele pôs-se de joelhos e lavou os pés daqueles homens. A cabeça baixa, um suave sorriso nos lábios.
Aquilo me destruiu, não sei explicar o porquê. Como era possível tamanha prova de humildade, diante de uma morte que se anunciava? Eu quis salvá-lo, naquela hora. Mas era tarde demais quando vi o traidor se retirar e em momento algum suspeitei de suas intenções. Eu o teria impedido.
Era quase meia-noite quando a ceia findou. Todos aqueles homens partiram para os jardins de Getsêmani e eu vislumbrei ali uma nova oportunidade de contato. Quem sabe com a interferência de seus apóstolos, eu conseguisse o persuadir a me ajudar? Talvez ele me liberasse do altíssimo preço que eu jamais poderia pagar.

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