No Meu Mundo...

25 dezembro 2015


Capítulo 20


Assim que o sol raiou, eu parti.

Saí de Jerusalém pelo percurso que me parecia mais fácil, Samaria. No caminho ainda encontrava as caravanas que vinham de muito longe para juntar-se ao homem de Nazaré. Em cada um daqueles rostos eu via algo incomum, os olhos transbordados de esperança. Será que o Messias também lhes cobraria uma paga que não poderiam honrar? Não, eles todos estavam dispostos a pagar o preço.

Enquanto eu os encarava, palavras ecoavam nos meus pensamentos. As dúvidas me inundavam. E se eu simplesmente fizesse o que ele me pediu? E se eu apenas tentasse? Eu sempre pensara que aquela não era uma possibilidade, mas e se? Eu precisava pensar, mas estava difícil me isolar e a proximidade das pessoas me distraia. Eu não conseguia me concentrar e precisava muito de meditação.

Por fim, segui rumo ao litoral, o mar certamente me traria as respostas. Caminhei pela costa, sentindo as ondas geladas do Mar Mediterrâneo banhado minhas pernas, as bordas de minhas vestes. De vez em quando, parava, me abaixava, molhando o rosto na água salgada como em um ritual de purificação e perdia horas mirando o horizonte, suplicando para que o sol me trouxesse algum consolo.

Depois de todo um dia junto ao mar, enquanto rumava para Alexandria, ouvi rumores de que Jesus havia sido assassinado. A notícia me esmagou como uma pedra de toneladas. Então ele estava certo? Como poderia ter ciência da própria morte, quando havia tantos dispostos a interferirem a seu favor? Senti uma dor absurda me consumindo. Voltei às pressas para Jerusalém.

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