Boa leitura!
CAPÍTULO
19
O médico entrou depressa
no ambulatório. Um dos pacientes da UTI havia saído do coma. Sentia-se mal por
ter que encarar o jovem policial de campana à porta. Tinha certeza de que o
padre estava sendo vítima de um crime encomendado, ou por que a polícia
perderia seu tempo investigando um crime como esse, se todos os dias mais de
trinta pessoas, davam entrada ali com problemas semelhantes? A polícia nunca se
importara com nenhuma daquelas vítimas da criminalidade. Nem mesmo os óbitos
chamavam a atenção das autoridades. O doutor não poderia imaginar o motivo pelo
qual se importariam agora por aquele velho padre. A Igreja os estaria pressionando?
Estaria pagando pelas investigações para descobrir quem quase matara um de seus
filhos queridos? Ou será que ele era um bispo ou até mesmo um cardeal
importante? Quem sabe ele estivesse tratando da saúde do próximo Papa, sem
saber? Ele riu sozinho de seus próprios pensamentos. Era claro que a igreja
católica não se importava tanto assim com seus clérigos. Ou então já o teriam
transferido para um hospital particular, onde teria mais atenção e seria mais
bem cuidado. De qualquer forma, iria pedir que o policial saísse da porta.
Estava assustando os parentes de outros pacientes internados ali. Não podia
permitir que pensassem que algum bandido ou maníaco estava na mesma sala que
seus familiares. Era inadmissível espalhar o pânico dentro de um hospital. Ou
eles saíam da porta, ou pagavam um apartamento particular para o padre, assim eles
poderiam manter um policial de guarda até mesmo dentro do quarto, se quisessem.
— Faz tempo que ele
está consciente? — perguntou à enfermeira, enquanto mirava com a pequena
lanterna os olhos de Victor.
— Sim, senhor. Ele
disse que acordou ontem à noite, mas não nos chamou para não atrapalhar o
atendimento aos outros pacientes.
— Por isso que ele é
padre... — ironizou o médico, continuando a examiná-lo.
— Não fiz isso por bondade,
doutor, mas sim por medo — respondeu Victor com uma voz doce e cativante. Era a
voz mais amável que o médico ouvira em toda sua vida. Não entendeu muito bem
por que, mas sentiu pena do homem. Não pelo seu estado de saúde, embora também
não lhe agradasse ver pessoas chegando espancadas a seu hospital, estava
acostumado com situações bem piores do que a de Victor. Mas sabia, ao ouvir
suas palavras, que não era da dor física que ele tinha medo. Embora fosse um
homem da ciência e não fosse católico, o médico era muito espiritualizado. Ele
dizia que tinha encontrado seu próprio deus e por isso, não precisava da ajuda
de nenhuma igreja. Conhecera a verdade sobre o amor, não apenas o amor entre
casais, mas o amor por qualquer coisa que fosse. Aprendera a amar sua
profissão, sua casa e embora não fosse casado, tinha muitas mulheres para amar.
Nos olhos de Victor ele reconhecia a mesma compreensão e podia sentir o amor
que emanava de dentro dele. O brilho nos olhos do padre era a prova mais
concreta do amor e do respeito pelas outras pessoas. Não apenas aquelas que
compartilhavam com ele aquele triste quarto de UTI, mas por todos os seres
humanos.
— Sua bênção, padre —
Pediu ele, beijando a mão inchada de Victor.
— Deus o abençoe, meu
filho — respondeu com dificuldade, quase com um sussurro.
— O senhor tem ideia de
quem fez isso com o senhor? — arriscou, mesmo sabendo que se Victor soubesse,
não diria nada a ele. — Foi um assalto?
— Não, doutor. Não foi
um assalto e não faço ideia de quem eram aquelas pessoas. Foi tudo muito
rápido, eu desmaiei e não tive chance de ver muita coisa.
— Melhor assim, não é
mesmo? O senhor vai permanecer aqui, em observação. Caso sinta alguma coisa
diferente, qualquer coisa, aperte a campainha na cabeceira da sua cama. Nós
viremos imediatamente. Desejo-lhe melhoras — disse ele andando para a porta.
— Vá com Deus, filho —
respondeu Victor. Pensou que o médico deveria ser um católico praticante. Nos
dias de hoje, as pessoas não costumavam pedir a sua bênção. Muito menos
beijar-lhe as mãos. Nem todo o mundo estava perdido! Este pensamento o
reconfortou: “nem todo o mundo estava perdido”. Victor não se esquecera da sua
difícil missão. Se a congregação a confiara a ele, não poderia desonrá-los. Se
Deus o manteve vivo depois daquele ataque inimigo, era porque queria que
concluísse sua tarefa. Não O decepcionaria.
Oi Raquel! Vou tentar colocar a leitura do conto em da nesta semana, ai, semana que vem já estarei por dentro! rsrsrsrsrrsrs
ResponderExcluirBjo bjo^^
Vou começar essa semana, gostei bastante deste capitulo
ResponderExcluirbjos
Pah
Lendo e Escrevendo
Oi Quel!
ResponderExcluirÓtima escrita. O conto pelo jeito não fez muito meu estilo, apesar do Victor parecer ser um personagem legal. Não entendi muito pq nem sabia que você escrevia. Vou dá uma conferida nos capitulo anteriores pra me inteirar do enredo melhor.
Abraços
David Andrade
http://www.olimpicoliterario.com/
Oi flor, tudo bem?
ResponderExcluirAcho que perdi alguns capítulos da história :O
Vou tentar colocar tudo em dia antes de voltar para a faculdade.
Continuas escrevendo muito bem e isso me tortura, pois me faltam alguns fragmentos da história hahahah
bjs
Opaa, capitulo 19?? aushua, indo "caçar" os anteriores para poder ler! :p
ResponderExcluirwww.muchdreamer.blogspot.com.br
Bom não acompanho os capítulos, então todas as vezes que leio é de modo aleatório... porém fiquei surpresa que desta vez um padre que aparentemente é do bem foi espancado de forma cruel... pelo que senti da história... ela é muito boa, pena que não tenho tempo de acompanhar.. Xer!!!!
ResponderExcluirhttp://minhasescriturasdih.blogspot.com.br/
Olá Raquel,
ResponderExcluirNa medida do possível tenho lido os capítulos, preciso me atualizar. Gosto do que vc escreve e gosto dessa estória. Tem tudo para ser um sucesso.
Um beijo.
www.navioerrante.blogspot.com.br
Oie, tudo bom?
ResponderExcluirNão estou acompanhando os trechos da história, mas sei que a Raquel Pagno escreve muito bem.
Beijos,
http://livrosyviagens.blogspot.com.br/
A postura do padre Victor me pareceu realmente de uma pessoa amável e que ainda crê na humanidade. Não estou acompanhando todos os capítulos, mas sem duvida o toque da Raquel é especial, essa mulher merece tudo de bom! Parabéns Raquel.
ResponderExcluirAbraço,
Diego de França
Leitor Sagaz
Vou ter que ir até o início para entender melhor todo o texto.
ResponderExcluirBjs, Rose
Oi xará, você arrebenta. Adoro a forma como você escreve. Não to acompanhando desde o inicio,então fiquei um pouco boiando, mas gostei do que vi até agora.
ResponderExcluirbeijos
Kel
www.porumaboaleitura.com.br