Capítulo 17
Passei
a maior parte da quinta-feira circulando entre as tendas, sem notar nada
estranho ou específico que me remetesse ao esconderijo do meu inimigo. Observei
as pessoas, tão cheias de fé. Invejei-as. Queria eu acreditar que aquele pobre
homem viera mesmo como um enviado dos céus para salvar a todos. Para salvar
minha Kenora. Mas eu não conseguia simplesmente acreditar. A fé era algo muito
abstrato. E eu não conseguia crer em algo impalpável.
Naquela
noite, Efrat me contou que o Messias se reuniria aos seus homens, os quais se
denominavam apóstolos, para uma ceia.
Ele profetizara a própria morte e mais, afirmara que voltaria e ascenderia aos
céus. Aquilo foi demais param mim! Um santo até poderia salvar ao seu próximo e
assim afirmar o bem que viera fazer. Mas salvar a si mesmo? Salvar-se e deixar
ali aquele povo sofredor que ansiava por um vislumbre de salvação? Isso eu não
podia conceber. Egoísmo infundado, foi a palavra que me veio a mente. Eu não
conseguia compreender.
Senti
raiva daquele homem e me senti culpado por alimentar tal sentimento. Eu o
conhecera, eu vira a bondade da qual ele era feito. Recordei-me de seu toque em
minha pele fria, como ele me acalmara, me tirara o medo e a dor. Eu quis que
cada uma daquelas milhares de pessoas fosse também tocada. E, se isso não
poderia acontecer, então qual era o sentido daquilo tudo?
Mais em: www.raquelpagno.com
Oi Raquel adoro seus textos e sempre que possível acompanho pelo seu blog! Parabéns tem muito talento!
ResponderExcluirBeijos,
Joi Cardoso
Estante Diagonal
Obrigada Joi! :D
Excluir