No Meu Mundo...

04 dezembro 2015


Capítulo 17


Passei a maior parte da quinta-feira circulando entre as tendas, sem notar nada estranho ou específico que me remetesse ao esconderijo do meu inimigo. Observei as pessoas, tão cheias de fé. Invejei-as. Queria eu acreditar que aquele pobre homem viera mesmo como um enviado dos céus para salvar a todos. Para salvar minha Kenora. Mas eu não conseguia simplesmente acreditar. A fé era algo muito abstrato. E eu não conseguia crer em algo impalpável.

Naquela noite, Efrat me contou que o Messias se reuniria aos seus homens, os quais se denominavam apóstolos, para uma ceia. Ele profetizara a própria morte e mais, afirmara que voltaria e ascenderia aos céus. Aquilo foi demais param mim! Um santo até poderia salvar ao seu próximo e assim afirmar o bem que viera fazer. Mas salvar a si mesmo? Salvar-se e deixar ali aquele povo sofredor que ansiava por um vislumbre de salvação? Isso eu não podia conceber. Egoísmo infundado, foi a palavra que me veio a mente. Eu não conseguia compreender.

Senti raiva daquele homem e me senti culpado por alimentar tal sentimento. Eu o conhecera, eu vira a bondade da qual ele era feito. Recordei-me de seu toque em minha pele fria, como ele me acalmara, me tirara o medo e a dor. Eu quis que cada uma daquelas milhares de pessoas fosse também tocada. E, se isso não poderia acontecer, então qual era o sentido daquilo tudo?

Mais em: www.raquelpagno.com

2 comentários:

  1. Oi Raquel adoro seus textos e sempre que possível acompanho pelo seu blog! Parabéns tem muito talento!

    Beijos,
    Joi Cardoso
    Estante Diagonal

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